Locadoras de veículos - Localiza (RENT3), Locamérica (LCAM3) e Movida (MOVI3) - Qual delas eu comprei?

Boa tarde, superavitários colegas. Quem acompanha o blog desde o início sabe que estou motando minha carteira de ações desde 2017. Esta carteira que eu exponho aqui no blog se iniciou em 2013 com investimentos exclusivamente em FIIs, que serviram como ótimos ativos geradores de caixa para outros investimentos no início, depois, em 2015, incorporei alguns ativos de renda fixa e por último, em 2017 comecei a montar a carteira de ações. A meta é ter 40% em FIIs, 40% em Ações e 20% em Renda Fixa, e não ter nenhum ativo que exceda a 10% da carteira global no cado de ativos de Renda Fixa e 5% no caso de ativos de Renda Variável. 

Veja a evolução da distribuição desde 2013:

No mês de março mais um setor entrou na carteira de ações, as locadoras de veículos. Estava a algum tempo analisando as empresas e neste texto vou fazer um resumo bastante rápido dos fundamentos que me fizeram entrar no setor. Comecemos pela apresentação das três principais empresas do setor: Localiza (RENT3), Locamérica (LCAM3) e Movida (MOVI3). Qual será que eu comprei?

Empresas do setor de locação de veículos

O setor de locação de veículos retira seu lucro de três operações basicas: 1) Locação de veículos; 2) Gestão de frota; e 3) Venda de semi-novos.

A primeira atividade talvez seja a mais conhecida, a empresa compra veículos através de endividamento e os aluga com margem de lucro superior aos juros dos empréstimos. Na segunda a empresa presta serviço de gestão de frotas, um determinada empresa que precisa de carros ou caminhões para desenvolver sua atividade pode fazê-lo através da terceirização. A vantagem para o consumidor dessas duas atividades é a redução dos custos. As empresas de locação compram muitos carros de uma vez, asseguram muitos carros, dão manutenção em muitos carros, então os custos são menores. Além disso, você pode ao invés de possuir um carro alugar um quando precisa ou até possuindo, em uma viagem a turismo ou negócio, alugar quando necessário. A terceira atividade é a venda de veículos que foram comprados zero km depois de 1-2 anos de uso, por preços menores do que o mercado.

O setor tem muito para crescer no Brasil ainda, além disso, as três maiores empresas possuem juntas menos de 50% do market-share, ou seja, existe um grande potencial para espanções por aquisição ou crescimento orgânico.

Localiza: é a maior empresa do setor, empresa mais consolida, com maior frota e maior market-share. Teve oferta pública de ações no ano de 2005, então é a Companhia de capital aberto mais antiga da Bolsa Brasileira no setor. Possui frota de veículos superior a 220 mil veículos e é muito bem avaliada pelos consumidores. Tem investido em tecnologia para melhorar o atendimento.

Locamérica: era a terceira maior empresa do setor, porém, passou a perna na Movida em 2017/2018 e adiquiriu a Unidas. A Locamérica era uma empresa focada em gestão de frotas, menor que a Unidas, que é de gestão de veículos. Foi a empresa que mais cresceu no último ano, devido a aquisição. Destaca-se pela diversificação do seu negócio e foco na gestão de frotas. O Brasil possui mais de 5 milhões de veículos na frota corporativa e apenas 450 mil é terceirizado, muito espaço para crescer aqui.

Movida: a Movida é a terceira empresa do setor em termos de market-share, porém parece ser a empresa mais inovadora e procura incorporar novas linhas de produtos. Sua imagem é bastante jovem, até pelos produtos diversificados que oferece, como as bicicletas elétricas que aluga.

Patrimônio Líquido (PL)

No fechamento de 2018 - Localiza (RENT3): R$ 3 bi; Locamérica (LCAM3): R$ 2,5 bi; e Movida (MOVI3): R$ 1,5 bi. Sendo que as três empresas têm apresentado um ótimo crescimento, veja nas figuras abaixo:

Receita Líquida (RL)

No ano de 2018 - Localiza (RENT3): R$ 7,8 bi; Locamérica (LCAM3): R$ 2,9 bi; e Movida (MOVI3): R$ 2,5 bi. Veja que a receita é maior do que o Patrimônio Líquido, característica do setor. As três empresas têm apresentado um crescimento expressivo das receitas nos últimos anos, veja nas figuras abaixo:

EBTIDA

No ano de 2018 - Localiza (RENT3): R$ 1,5 bi; Locamérica (LCAM3): R$ 0,8 bi; e Movida (MOVI3): R$ 0,4 bi. As três empresas têm apresentado um crescimento expressivo dos resultados antes dos juros e impostos nos últimos anos, veja nas figuras abaixo:

Lucro Líquido (LL)

No ano de 2018 - Localiza (RENT3): R$ 0,659 bi; Locamérica (LCAM3): R$ 0,189 bi; e Movida (MOVI3): R$ 0,160 bi. O crescimento das receitas tem sido acompanhado pelo Lucro Líquido, isso significa que as empresas têm mantido as margens. As três empresas têm apresentado um crescimento expressivo dos Lucros Líquidos nos últimos anos, veja nas figuras abaixo:

Dívida/EBTIDA

Das três empresas a Localiza foi a que terminou o ano de 2018 com maior endividamento e a Locamérica o menor. No ano de 2018 a dívida/EBTIDA para as três empresas em dezembro foi - Localiza (RENT3): 3,3x; Locamérica (LCAM3): 2,3x; e Movida (MOVI3): 3x. Localiza têm aumentado seu endividamento, Locamérica tem reduzido e a Movida tem mantido. No setor é comum a empresa ser endividada, pois como escrevi acima as empresas ganham dinheiro na margem que conseguem obter em cima da taxa de juros que pagam. Com isso, empresas mais sólidas conseguem taxas de juros menores e mais lucro. Veja os números nas figuras abaixo: 

Comparações LCAM3/RENT3 e MOVI3/RENT3

Em comparação a Localiza, maior do setor, a Locamérica tem conseguido expandir seus números com maior êxito do que a Movida, até então. Em termos de Lucro Líquido, por exemplo, saiu de 2010 com seu lucro representando 5% (0,05) do lucro da Localiza e fechou 2018 com uma proporção de 30%. Veja as relações entre os números das duas empresas a seguir:

 

Já a Movida tem mantido seus números em relações próximas aos dos anos anteriores, porém é cedo para a empresa ainda. Ela é a mais nova no mercado, entrou em 2014 e na minha opinião a que tem o maior potencial de crescimento relativo, através de aquisições ou crescimento orgânico, vejamos daqui uns 5 anos. Veja os comparativos entre as duas empresas na figura abaixo:

 

Considerações

Ao estudar e acompanhar durante um tempo as empresas decidi por adicionar as três na carteira. São três empresas boas, cada uma com suas vantagens competitivas, como destacado brevemente no texto acima. Porém, elas ficarão limitadas a um determinado percentual, para que o setor não pese muito na carteira global. Essa estratégia é a mesma que eu utilizei para os Bancos Itaú e Bradesco, dois ótimos bancos, para que ter um só?

Talvez o texto tenha ficado um pouco mais longo do que eu planejei, mas é bom que as figuras ficaram aí para vocês e o texto para eu consultar daqui um tempo e ver no que eu errei e no que eu acertei.

Bônus:

Para quem é investidor fundamentalista, sugiro o seguir o canal desses dois analistas: Vicente Guimarães e Eduardo Cavalcanti. Ambos tem inclusive sites próprios com dados fundamentalistas das empresas. Vou postar alguns vídeos que eles fizeram recentemente sobre essas empresas, vídeos bastante didáticos e que servem para dar início aos estudos destas empresas.

Abraço a todos!

RI das empresas: https://ri.localiza.com/, https://ri.unidas.com.br/ e https://ri.movida.com.br/

Fonte dos dados fundamentalistas: http://fundamentus.com.br/ e www.bmfbovespa.com.br/

PS.: Os fundamentos que apresento acima foram os que me levaram a colocar a ação da empresa na minha carteira. Isso não é recomendação de nada, o futuro é incerto e eu não sou analista (muito longe disso). Esse texto é apenas um registro para que eu possa consultar futuramente e ver aonde eu acertei ou errei na análise. A idéia é fazer esse acompanhamento anualmente, após a divulgação do resultado anual, para ver se continuo na empresa ou não.