Sunday, December 17, 2017

Comprar ações sem olhar para a cotação? Esperar cair para comprar?

Boa noite superavitários colegas, nossa estratégia com ações é baseada nos aportes constantes. Estamos em fase de construção do patrimônio e dentre os métodos existentes nós escolhemos aportar constantemente. Estes dias fiz um estudo para comparar formas de aportar esses aportes constantes. 

Dentre os métodos eu simulei uma capacidade de aporte de cerca de R$ 70.000 anuais divididas em 5 ativos (MDIA3, ITUB3, BBDC3, GRND3 e WEGE3) onde o aporte nas ações acontecia: 

1) A cada 4 meses;
2) A cada 6 meses;
3) Uma vez por ano no mês de Abril;
4) Uma vez por ano no mês de Outubro;
5) Toda vez que a ação chegasse a valores que fossem menores que a média móvel de 200 períodos (MM200).

Para cada situação foi considerada a mesma capacidade de acúmulo de aporte mensal, sendo assim, se a ação demorava um ano para chegar abaixo da MM200 ela recebia os aportes de todo o período de uma vez. Não foi considerado no estudo o possível retorno de uma aplicação de curto prazo em que o capital posssa ter ficado rendendo enquanto esperava a o preço da ação cair para ficar abaixo da MM200, assim como não foi considerado para as outras estratégias. A data de início foi Outubro de 2006 para todas as ações e a final foi Setembro de 2017, com todas as ações/estratégias recebendo aporte de R$ 150.000,00 no total desse período.

O que você acha que eu encontrei?

Veja o resultado final para cada ação, quando simulamos uma aplicação de R$ 150.000,00 durante 11 anos, desde Outubro de 2006 até Setembro de 2017, distribuídos no ano conforme as estratégias descritas acima:


Aqui aplicar sempre em Abril resultou em um valor final maior, isso seria uma aplicação por ano. Porém se você escolhesse outubro teria chegado no menor valor.

Na GRND3 aplicar sempre em Outubro resultou em um valor final maior, isso seria uma aplicação por ano. Porém se você escolhesse Abril teria chegado à um valor menor, o contrário da anterior, e se escolhesse aplicar somente quando o preço estivesse abaixo da MM200 teria perdido uma grande valorização.

Já na ITUB3 aplicar sempre abaixo da MM200 foi melhor seguido de uma vez por ano, em Outubro.

Outubro decolado.

Também Outubro
Interessante como o reultado se inverte para algumas ações. 

Como seria o resultado de uma carteira com essas estratégias e as mesma ações e capacidade de aporte? 

Veja o resultado da carteira simulada recebendo R$ 150.000,00 por ativo e R$ 750.000,00 total de Outubro de 2006 a Setembro de 2017:

Uma vez por ano em Outubro foi melhor, depois a cada 6 meses, seguido de a cada 4 meses, uma vez por ano em Abril e abaixo da média móvel de 200 períodos.
Mesma da anterior, em termos relativos ao menor, não teve tanta diferença para 11 anos.

Nesses resultados já fica claro aportar mais de 2 vezes ao ano é mais interessante, pois você pode acertar um mês que não esteja tão interessante (como Abril). Além disso, aplicar somente quando a ação está abaixo da MM200 pode não te dar o resultado esperado. 

Por que será? 

Vamos ao próximo gráfico para tentar explicar por que aplicar somente abaixo da MM200 (esperar cair para comprar) não deu resultado aqui:

Todas as estratégias e ativos em uma mesma figura.

Olhando para a Figura acima é possível ver que nesse período o ativo que retornou mais foi a GRND3, seguida da MDIA3, WEGE3 e por último ITUB3 e BBDC3. Nas ações que apresentaram maior retorno a estratégia de compra quando os preços caíam (abaixo da média móvel exponencial de 200 períodos) foi a pior. Isso aconteceu para os três ativos que mais subiram. Isso ocorreu porque os ativos passavam muito tempo subindo sem suas cotações corrigirem abaixo da MM200, o que deixava o investidor fora do ativo e da alta. Para a carteira como um todo a estratégia de comprar a cada 4 ou 6 meses foi muito boa, especialmente a segunda, por menor impacto das taxas.

Conclusões

1) Se você esperar o preço do ativo cair para comprar, você pode perder o bonde e ficar de fora das grandes altas do mercado.

2) Distribua sua capacidade de aporte ao longo do ano para o número de ativos que você tem, para que você possa comprar em todos os momentos do mercado.

3) Se o ativo for bom, não interessa se você compra uma vez por ano, duas, três. O que importa é comprar para que o reultado venha no médio longo prazos.

Espero que este texto desperte um pouco de discussão aí nos comentários.

Abraço e rumo a 2018!

Observação
Tenho consciência dos outros fatores que podem afetar esse estudo, como por exemplo a inconstância de aportes por algum motivo. O texto tem função meramente ilustrativa da minha estratégia e não compõe a melhor e nem a única que existe, também não consiste em recomendação. Sei que existem outras formas de aporte que o pessoal adota, como o balanceamento por ativo ou o de aportes maiores na baixa. Na minha carteira eu mesclo os aportes constantes com os maiores aportes em momentos de baixa. Tem uma parte da carteira que eu sempre deixo em FI DI para momentos de desespero no mercado.




21 comments:

  1. Ou seja, para pequenos investidores que pretendem aportar por muitos anos, o preço pouco importa :)

    Abraçao

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    1. Para aportes pequenos distribuídos ao longo de muito tempo, parece que sim.

      Abraço

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  2. Eu acredito que para Buy And Hold o preço pouco importa, afinal a intenção não é se desfazer dos ativos e sim colher dividendos deles.

    Bom estudo, amigo!

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    1. Enriquecendo na verdade importa sim.
      Experimente comprar uma empresa com PL 50, 50% de market share e com uma taxa de crescimento de 10% a.a + EV EBIT superior a 15.

      Abraço

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    2. Mestre, P/L não é um balisador perfeito. A empresa pode crescer por outras vias, além de aumentar o market share. O importante mesmo, para que faz compras regulares e pequenas é acompanhar se os ativos estão apresentando lucros crescentes, na minha opinião.

      Abraço

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    3. Enriquecendo, parece realmente ser a melhor estratégia. Se manter no ativo enquanto ele é bom. É lógico que existem outras formas de lucrar no mercado, mas isso serviria para outro tipo de estratégia/perfil. Perfil e estratégia, cada um tem o seu. Não acho que esse tipo de estratégia faça de você um investidor que deveria comprar fundos de ações.

      Abraço

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  3. Legal o trabalho, Sequoia! Isso mostra que não existe correlações fáceis, indicadores mágicos, grandes sacadas ou pegadinhas na renda variável. O negócio mesmo é investir em valor.

    Tomara que seu estudo clareie um pouco a mente das pessoas que acham que, se seguir uma fórmula mágica, vão se dar bem. Mesmo a melhorzinha delas, a de Greenblatt, tem seus poréns rsrs

    Abraço!

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    1. André valuation de verdade da trabalha, instrumental mesmo é apenas 30% do resultado.

      Formulinha prontas e correlação com múltiplos realmente é palhaçada KKKK

      Se foste fácil assim bastaria jogar um robo para comprar de acordo com uma formula.

      Para ter efetividade no método tem de que estudar o case da empresa : Por ali você consegue fazer uma estimativa de preço justo do negocio, obviamente fazer um estudo bem elaborado pode demorar semanas.

      Porque no valution profissional você tem de fazer um estudo de todo setor, não apenas da empresa especifica.

      Abraço

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    2. Mestre e além disso, você tem as perguntas que o mercado ainda não respondeu sobre a empresa e também aquelas perguntas que nem existem. O que muda o valuation ao longo do tempo. Então, como não conseguimos prever o futuro com certa precisão é preciso estudar a empresa e se manter nela enquanto possui crescimento ou distribução de dividendos, não?

      Abraço

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    3. André, perfeito. Cada um tem seu perfil e deve encontrá-lo para se manter vivo no mercado. O meu ainda está em construção, para ser sincero. Mas acho que vai nesse sentido que você falou, investir em valor.

      Abraço.

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  4. Como todo estudo tem suas limitações:
    As ações usadas no estudo são ações que deram maior crescimento no período , ou seja você pegou um case que deu certo no passado e replicou no seu estudo.

    Quais ações vão dar certo no futuro?

    A premissa usada sobre aporte é bastante coerente, mas tome cuidado para não induzir leigos a comprar ações com EV Ebit de 20 e PL 50.( Qualquer preço)

    Já li centenas de estudo, basta mudar premissa para os resultados mudarem complementarmente.

    Sobre a questão da média moveis ( Gráficos), acho meio incoerente operar baseado em gráficos visando determina a taxa de atratividade em um investimento.

    A maior parte dos profissionais de mercado usa modelos de valuation; Modelo comparativo, modelo de fluxo caixa descontado , VPL, TIR etc resumindo: Basicamente se fizer um estudo mudando metodologia e escolhendo outras ações que não foram bem no período com maior volatilidade e resultado será bem diferente.


    O aportes em si foram pequenos no período analisado.



    As ações escolhidas tem baixa volatilidade, ou seja as variações não são suficientes para alavancar grandes ganhos, principalmente comprando abaixo da média. A não ser que se compre numa crise ferrenha.


    EX: Recentemente comprei algumas ações com volatilidade de 10 a 15% entre média e fundo.


    Não vou nem falar que o Tir futuro será 15% maior do que a média do mercado, mas isso é exceção regra de investidores profissionais em comparação aos amadores.

    Portanto até entendo que este seja melhor método para quem não tem tempo para se dedicar ao mercado .

    Outro questões podem alterar : Este estudo queda acentuada no lucro e consequentemente no preço das ações.


    Toda empresas analisadas no período tem lucros crescentes, logo é natural que os modelos de valuation sejam reajuste no preço da ação.



    Abraço

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    1. Mestre, as ações escolhidas são as que compõe a minha carteira. Se eu posso escolher empresas boas, para que vou escolher as ruins? Empresas boas de hoje e de ontem podem ficar ruins? Sim, mas nesse caso eu pulo fora delas. A minha premissa é que vamos trabalhar com empresas que apresentam lucros crescentes.

      Sobre compra usando a média, acho que você não entendeu o que eu quis expor com o artigo. Não estava criticando o pessoal que trabalha com valuation. A crítica era para que adota a estratégia de buy and hold e espera cair para comprar. Compra só quando o preço cai significativamente. Se você trabalha com fluxo de caixa descontado e outros indicadores, terá um preço balisador, é diferente. Vejo muitos colegas esperando cair para comprar, usando aquele ditado: compre na baixa e venda na alta. A baixa pode ocorrer e devemos aproveitar, mas não devemos ficar fora da alta.

      Sobre a volatilidade, acho que o que eu escrevi sobre as empresas boas já responde.

      Além disso, gostaria de destacar que os múltiplos as vezes enganam agente. Uma empresa pode estar com um P/L muito alto e crescimento histórico baixo, apresentar um fluxo de caixa descontado não muito atraente e mesmo assim se valorizar devido ao aumento dos lucros futuros. Temos diversos exemplos no mercado. Por isso, afirmo que para a minha estratégia parece melhor deixar as compras em modo automático e estudar o case de negócio das empresas e acompanhar sua evolução.

      Obrigado pela colaboração.

      Abraço

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    1. DIL, obrigado. Vamos compartilhando os estudos que realizamos por prazer.

      Abraço

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  6. Vai de encontro ao que o Bastter sempre diz, mas a maioria gosta de perder tempo brincando de fazer "timing", "valuation" e outras baboseiras mais, enquanto o foco principal deveria ser aumentar o aporte mensal de forma vigorosa através do aprimoramento do seu trabalho. Muito legal esse estudo!
    Abs

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    1. Ta aqui um cara que faz baboseira e ganha mais dinheiro que bastter KKKK

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    2. Eu sabia que esse meu comment iria atrair sardinha metido a Peter lynch, só não pensei que seria tão rápido. hehehe

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    3. Não tem por que confusão. Cada um tem a sua estratégia. Isso para mim é igual religião, não tem muita discussão e nem a melhor existe.

      Abraço

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    4. Sequoia eu concordo plenamente, mas tem cara que não entende assim, acha que todo mundo tem que ser um mané igual ele. Acho que é carência, ninguém da atenção no que ele diz. hehe

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