Wednesday, March 28, 2018

A vida que vale a pena ser vivida

A vida que vale a pena ser vivida - Clóvis de Barros Filho e Arthur Meucci

Acabei de ler esse livro, que traz reflexões sobre a vida de forma muito estimuladora e que resolvi compartilhar com vocês. O professor Clóvis é um palestrante renomado com diversos vídeos no youtube que provavelmente vocês já conhecem. Para quem ainda não leu o seu livro citado acima, eu procuro estimulá-lo à ler, apresentando o que foram, para mim, as idéias principais em cada capítulo. Ainda estou refletindo sobre alguns aspectos, pois fiz uma leitura recente. Veja:




Para quem quiser comprar: link

Cap. 1. A vida pensada - Não existe receita para a vida feliz. Devemos buscar as "verdades absolutas" em nosso interior para que possamos ter um melhor entendimento das escolhas que fazemos e confiança nelas, mesmo sendo impossível saber se foram as melhores, pensamentos de Platão e Sócrates. Pensei na atribuição de valor que eu dou as coisas, será que os meus conceitos a respeito das coisas são tão puros que permitem-me julgá-las? Por exemplo, o julgamento de valor de uma empresa pode ser afetado pelo entendimento que eu tenho de um empresa boa.

Cap. 2. Vida ajustada - Os autores utilizam a filosofia grega para mostrar que nós somos parte de um todo e como tal devemos cumprir um papel para que o todo faça sentido. E isso resulta em considerações de que temos um local e uma atividade na vida que nos faz feliz e que é inerente às nossas características. Sendo assim, a vida seria boa quando ela valesse por ela mesma e não quando 
chegassemos a um objetivo. Aqui eu lembrei que podemos ser felizes enquanto caminhamos para a liberdade financeira, que acontecerá naturalmente, e podemos ter uma vida boa hoje se encontrarmos sentido no que estamos fazendo. Para mim, um pensamento coerente que justifica o equilíbrio na vida. Por isso, abrimos mão da intensa frugalidade para comprar um carro melhor, veja aqui.

Foi na Grécia antiga (VI a.C.) que a filosofia surgiu. Escola de Atenas - pintura de Rafael Sanzio.
Cap. 3. Vida prazerosa - utilizando a filosofia de Epicuro o professor apresenta um pensamento de vida boa baseada na satisfação dos desejos. Fundamentalmente os desejos naturais e fundamentais à vida. Destacando a possibilidade de uma vida infeliz quando levada com excessos ou com a busca pela satisfação de desejos não naturais ou não essenciais à vida, de acordo com o epicurismo. Ganância seria um desejo não natural, então seu principal propulsor na busca da IF pode ter uma vida infeliz de acordo com Epicuro.

Epícuro (III  a.C.). Cópia romana do busto original grego.
Cap. 4. Vida tranquila - utilizando o estoicismo, que teve período grego e romando, o autor constrói o texto desse capítulo. De acordo com a filosofia estóica, a vida boa é aquela que se harmoniza com o mundo. Inicialmente os gregos pensavam que deveríamos buscar as coisas que nos faziam bem, mas como isso nem sempre é possível os romanos, principalmente Sêneca, apresentaram uma percepção diferente. Para ter uma vida boa é necessário entender que coisas ruins acontecem, você vai ter que lidar com agressões da vida e entendendo isso você consegue viver melhor, pois não cria uma expectativa de um mundo que só lhe traz coisas boas. Por isso, se você ficar triste, irado ou angustiado a culpa é sua, pois não está vivendo a vida como ela se apresenta e sim com base em esperança. Sendo assim, deveríamos analisar nossa própria existência para se reconciliar com a realidade. 

Zenão de Cítio (III a.C) - fundador do estoicismo
Imperador romano Marco Aurélio (II d.C.) - um dos mais importantes pensadores do estoicismo
 Cap. 5. Vida sagrada - o autor constrói uma reflexão a respeito do entendimento de gregos estóicos e aristocratas para a filosofia cristã. No primeiro caso, o entendimento é que Deus é a harmonia existente em tudo que é natural e que cuida do universo no seu todo, menos de nós que temos razão. Para eles também os homens tinham  talentos natos que deveriam ser aperfeiçoados e que lhes conferiam uma posição social (nobres, guerreiros e artesãos). Já a filosofia cristã apresenta um Deus de carne e osso, que habita entre nós e que cuida de nós. Aqui acredita-se que Deus criou tudo e cuida de tudo e que somos iguais perante ele. Sendo assim, pouco interessa com que habilidade nascemos. A nossa felicidade estaria relacionada ao uso dessa habilidade (trabalho). A moral estóica era diferente da moral cristã, já que a primeira baseava-se um algo natural e a segunda consiste na resistência que oferecemos aos caprichos de nosso corpo. Somos mais critãos do que imaginamos, mesmo sendo ateus.

Jesus foi tão importante para a nossa vida que até nosso calendário é critão. Apesar de ter sido ele o grande iniciador de todo o pensamento cristão, não parou por aí. Pode-se destacar diversos outros pensadores/santos que fizeram interpretações do que Jesus disse ou fez. 
Cap. 6. Vida potente - como nos outros capítulos é apresentada uma vertente de pensamento. Dessa vez a de Espinosa, que escrevia que nós somos parte do mundo, assim como temos partes que nos compõe e que compõe essas partes e assim por diante. E sendo parte do mundo não podemos avaliá-lo de fora, sem considerá-lo. Por isso, nossa existência é dependente das relações que temos com o mundo, que nos alteram da mesma forma que alteramos ele. E temos algo que nos mantém vivos que é chamado de "potência", que pode ser alterada beneficamente ou não por essas relações. As alterações na potência podem ter origem no corpo e na mente, apesar de que as alterações na mente serem condicionadas às nossas interações com o corpo. E ainda, não podemos deixar de encontrar relações que reduzem nossa potência, mas podemos pensar nas que aumentam para superar esses momentos.

Espinoza, racionalista e filósofo moderno (XVII d.C.). Considerado o fundador do criticismo biblico moderno.
Cap. 7. Vida útil - na ótica utilitarista, extremamente atual, a vida que vale a pena ser vivida é aquela que causa o máximo de prazer e a mínima dor no maior número de pessoas. Então, para escolher nossas ações deveríamos não pensar nos efeitos delas na nossa pessoa, mas nas pessoas que serão afetadas, sejam elas já nascidas ou de gerações futuras. Realmente muito atual, principalmente nos 
aspectos ambientais, econômicos e sociais. Existem vários utilitaristas com os quais eu convivo.

Jeremy Bentham - filósofo utilitarista (XVIII)
John S. Mill - filósofo utilitarista (XVIII-XIX)
Cap. 8. Vida moralizada - destacando a obra de Kant, o professor nos apresenta uma relação entre a moral kantiana e a vida boa, moralizada. Para Kant a moral era humana e não tinha nada a ver com a natureza, nem com as habilidades nem com o uso delas, mas está relacionada a vontade. Na verdade, boa vontade, que acaba sendo definida como a razão a serviço da vida. Tomar decisões com base no dever e não no desejo e viver uma vida que usa a boa vontade como simulação para a falta de sentimento, falta de amor. Agir bem mesmo com pessoas ou situações que não amamos.

Immanuel Kant (XVIII-XIX)
Cap. 9. Vida socializada - nesse capítulo a sociedade é mostrada como essencial para a produção da individualidade, já que sofremos influências externas desde quando nascemos. Sendo assim, a vida boa seria aquela em que nós coseguissemos alinhar nossa existência às expectativas da sociedade. Buscando a aprovação das nossas ações pela maioria e assim a confirmação da necessidade da nossa existência, baseada em vínculos sociais.


Cap. 10. Vida intensa - o autor lembra dos conceitos de vida boa apresentados durante o livro e critica a tal qualidade de vida, inverso de vida de qualidade. A crítica se constrói à qualidade de vida estabelecida como um gabarito universal para a vida boa, como um aglomerado de condições materiais que se comuns às pessoas proporcionariam a vida boa. Como isso seria possível se a nossa vida é particular (no sentido de única) e se modifica com a interação que sofre do mundo? Assim sendo, a vida que vale a pena ser vivida é inesperada, é inédita e entendida como tal, pode ser vida boa.
Resultados obtidos sobre o conceito de qualidade de vida dos adolescentes. - fonte. 
Vários desses pensamentos têm relação com o que entendemos como liberdade financeira e com o que fazemos ou esperamos da vida. O que você acha dessas reflexões?

Para quem quiser ver como acompanho meu objetivo para a liberdade financeira clique aqui

3 comments:

  1. Bela resenha, gostei!
    Esse é um dos livros que está em minha lista de leitura para 2018.

    Conheci seu blog através da finasfera, se quiser conhecer o meu também: Simplicidade e Harmonia

    Abraços,

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    Replies
    1. Muito obrigado, vou dar uma olhada no seu blog e adicionar aqui no blogroll para acompanhar.

      Abraço

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    2. Agradeço por me add no seu blogroll, o seu também já está lá no meu. :)

      abraços,

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