Friday, February 15, 2019

Empresa boa só cresce? GRND3 – Grendene SA – Atualização dos fundamentos 4°T/2018 (-11% de LL anual)

Boa noite, superavitários colegas. Retomando as atualizações nas temporadas de balanço. Hoje veremos a atualização para a Grendene (GRND3).

A empresa

A Grendene SA é a maior produtora brasileira de calçados, dona de algumas marcas famosas como a Ipanema, Ridder e Melissa. Já fiz aqui no blog algumas postagens sobre os fundamentos da empresa. Que podem ser acessados na aba superior em "ações" ou no próprio label GRND3 no final do post.

A intenção desse post é revisitar de forma bastante rápida a evolução dos números da empresa desde 2006, atualizando com os dados do último trimestre divulgado. 

 Crescimento da empresa – patrimônio líquido

Vamos começar pelo patrimônio da empresa, segue crescendo constantemente. Veja abaixo:


Lucratividade da empresa - Receita, Lucro, Margem líquida e ROE

Receita praticamente estável de 2017 para 2018, reflexo de um momento de crise, evidenciada pela queda na exportação de calçados. Apesar da queda na exporação a Grendene conseguiu aumentar o market share e se manteve como maior exportadora brasileira de calçados em 2018. Isso indica que a crise afetou todas as concorrentes e na média afetou menos a Grendene.

O lucro líquido permaneceu praticamente estável na comparação 4°T de 2017 e 2018, sendo assim houve manutenção de margens. Na verdade o custo aumentou em percentual levemente superior ao aumento das receitas, mas nada preocupante. Veja:


O lucro líquido anual da Grendene em 2018 somou R$ 585,53 Milhões ante R$ 660,93 Milhões em 2017. Isso representa uma redução de 11%! Algo a se preocupar? Veja que desde 2007 a empresa tinha apresentado somente uma queda de lucro na comparação anual, de 2010 para 2011, como indicam as setas na figura abaixo:


Então por que o lucro caiu em 2018? Simples, porque a empresa apresentou uma leve piora nos resultados operacionais, que representam uma queda de 7,8% e também por que a queda dos juros remunerou menos seu caixa o que representou 3,2%. Foram R$ 23,68 Milhões de redução só no resultado financeiro na comparação 2017/2018. Veja na figura abaixo:


Solidez financeira - Caixa e dívida

A empresa não tem dívidas, o seu caixa líquido representa cerca de 40% do seu patrimônio líquido (uau!). Por que a empresa não distribui essa grana? Por questões contábeis, já que grande parte do lucro vem de desonerações fiscais. Por que ela não usa para aquisições? Porque não é perfil da empresa, pelo menos é o que tem demostrado até então. Veja a situação da dívida e caixa abaixo:


Crescimento da empresa – RL, LL e PL desde 2006

Governança da empresa

A governança da empresa é aparentemente muito boa, com capital pulverizado entre investidores no mercado, apesar de ter alguns controladores com grande posição. Além disso, ela faz parte do seguimento novo mercado. O Novo mercado corresponde à um segmento do mercado de capitais brasileiros com maior exigência em termos de governaça corporativa.

Conclusão
Têm apresentado redução do lucro líquido nos últimos trimestres o que deve prejudicar o lucro desse ano. Isso se deve principalmente à queda do resultado financeiro da empresa devido a queda na taxa selic (a empresa tem muito caixa) e ao menor resultado operacional devido a crise aqui e na Argentina. Por enquanto, mesmo com a crise a empresa continua sólida, não é uma empresa que se espera crecimento. Nessa aqui eu procuro maturidade e distribuição de dividendos.

PS.: Os fundamentos que apresento acima foram os que me levaram a colocar a ação da empresa na minha carteira. Isso não é recomendação de nada, o futuro é incerto e eu não sou analista (muito longe disso). Esse texto é apenas um registro para que eu possa consultar futuramente e ver aonde eu acertei ou errei na análise. A idéia é fazer esse acompanhamento anualmente, após a divulgação do resultado anual, para ver se continuo na empresa ou não.

Fontes de informação:

RI da empresa : ri.grendene.com.br
Página principal: https://www.grendene.com.br
Fonte dos dados fundamentalistas: http://fundamentus.com.br/ e www.bmfbovespa.com.br/

7 comments:

  1. Belo post Sequoia. Sigo firme com GRND3.

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  2. Sequoia, vc já se perguntou o que vai acontecer com os lucros da Grendene caso a desoneração fiscal acabe? Pelo que sei ela tem um desconto de 75% de ICMS estadual no Ceará, ou seja, ela só paga 25% do valor que deve de ICMS, agora se ela passar a pagar 100% do ICMS vai baixar bastante as margens. Seria bom perguntar isso no RI. Estou zerado em Grendene mas já tive muito. Abraço!

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    1. Frugal, esse é um risco que pode afetar os resultados da empresa sim. Observer no gráfico do lucro líquido anual a evolução de 2007 a 2008 de 93%, isso ocorreu porque a empresa passou a contabilizar esses incentivos fiscais. Existe uma série de exigências para que esses incentivos continuem a ocorrer e eles tem uma grande relevância no resultado. Não citei valores no texto, mas toquei na parte do incentivo. Para ter uma ideia, em 2018 o LL anual foi de R$ 585,5 Milhões, sendo que só de incentivos teve R$ 237,1 Milhões. Sendo assim, o Lucro sem considerar os incentivos foi de R$ 348,3 Milhões, dos quais a empresa devolve para o acionista praticamente 100%, os incentivos permitem isso, pois os investimentos podem ser feitos com essa grana economizada. Sendo assim, vejo os incentivos como benefício, assim como vejo o caixa gigante. Mas entendo que o fim dos incentivos poderá afetar sim os resultados contábeis da empresa. Recomendo ao pessoal que não sabe do que estamos falando o vídeo do Fábio: https://www.youtube.com/watch?v=_8HMRvH24wk

      Valeu!

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    2. Valeu pela resposta Sequoia! Abraço!

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    3. SI,
      Acho que essa perda dos incentivos fiscais acabe sendo compensada com os investimentos que poderão ser feitos com o caixa oriundo dos incentivos.

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