A pedagogia dos carecóis é um livro sobre pedagogia, que traz com exemplos maneiras de melhorarmos nossas vidas como pais, professores e na vida.
Pedagogia parece algo distante das vidas de não professores, mas se fazer entendido e despertar interesse pelo que se fala/escreve é algo essencial para a construção de uma vida profissional e pessoal melhor.
Pode obter o livro aqui |
Neste sentido, vou registrar aqui no blog o livro de Rubem Alves, que trata de temas que nos possibilitam pensar sobre a vida e crescer como pessoas. Se podemos nos aprofundar em vários temas, por que não fazê-lo? Quando pensamos em um tema como esse ele pode parecer útil somente para quem dá aula ou para quem lida de alguma maneira com educação. Na leitura do livro você acaba percebendo que não tem como separar a educação da vida. A educação faz parte da vida e gastamos muito do nosso precioso tempo nos "educando" ou "educando" nossos filhos/subordinados.
Para quem tem interesse neste tema, segue um aperitivo à leitura:
Para quem tem interesse neste tema, segue um aperitivo à leitura:
Parte 1: PARA OS PAIS
A cebola – o psicanalista, professor, escritor e pedagogo faz
uma analogia de um bom currículo escolar à uma cebola cortada, sendo o centro
da cebola uma criança e os anéis uma escalada do conhecimento. Para obter o
conhecimento do terceiro anel só passando pelo primeiro e pelo segundo. Sendo
assim, o primeiro anel seria a casa da criança, um local cheio de matemática,
física, biologia e outras ciências. E não seria no nosso mundo a nossa grande
casa?
Livro que faz chorar – Rubem Alves escreve que um livro que faz chorar
pode ser melhor do que um que faz rir, pois a tristeza é uma coisa boa, ela
significa que o leitor que chorou sentiu compaixão e conhecimento com compaixão
só traz coisas boas. Seria então interessante gastar menos tempo com gramática
e análise sintática (interpretação), e mais com leitura, pois sem a
interpretação o texto permanece vivo e comove todas as vezes que lemos.
Os livros e a infidelidade – de acordo com o pedagogo, os livros nos levam à um
outro lugar, então, um marido ciumento olhando para uma esposa lendo acha que
ela está ali, na sua frente, mas na verdade ela está em outro mundo, de repente
ela começa a sorrir e ele percebe que ela está tendo prazer sem ele. Os livros seriam locais de infidelidade e subversão, os quais poderiamos visitar e
depois retornar para o mundo real com uma visão diferente.
QI-WI – a inteligência não está em saber as respostas, para
isto basta boa memória. A inteligência consiste em saber o que as coisas nos
perguntam. Todos sabem que a terra gira, mas por que ela gira? O conhecimento
inicia-se quando as coisas nos provocam a fazer perguntas. Para cultivar a
inteligência, devemos focar no meio, na travessia e não na partida e no fim.
A pedagogia do furto – destaca o poder pedagógico da vontade de roubar. Se
você compra um livro, começa a ler na frente do seu filho e dá sorrisos, ele
logo pergunta o por que, você diz que é o livro e não conta para ele. Ele
sentirá vontade de ler. Então, é melhor despertar o desejo de roubar o
cohecimento. Quem aí já não leu vários livros e textos de pessoas que
consideram sábias na tentativa de roubar conhecimento delas?
Parte 2: PARA OS EDUCADORES
A libélula e a tartaruga – essa é uma fábula escrita por Rubem Alves que pode
retratar, nas entrelinhas, a leveza do ser (libébula) ou a maturidade
(tartaruga). Ao contrário do que esperava, no caso da pedagogia a leveza é mais
funcional. Para os educadores o excesso de burocracia, de posições hierárquicas
e de cobranças institucionais retira a leveza que favorece o aprendizado. Um
diretor que fica muito atrás de uma escrivaninha atende menos as demandas do
que o que fica menos. Dar mais atenção ao que as pessoas tem a dizer e ouví-las
com empatia é fundamental para um ambiente de aprendizagem melhor.
Quanto custa um diploma? – a grande demanda por cursos superiores no passado
levou ao aumento de vagas em faculdades, na maioria privadas, isso ocorreu
devido ao equílbrio capitalista/econômico de demanda/oferta. No presente
existem muitos graduados e poucos empregos para eles. A propaganda que se faz
em cima da educação levou muitas pessoas a procurarem aquilo que não queriam,
um diploma. O diploma não deve ser o objetivo da educação.
Em busca da infância perdida – quando criança temos uma sabedoria que perdemos ao
nos tornarmos adultos. A pedagogia do amor, saber olhar para e como uma criança é fundamental na efetivação e construção do conhecimento. Uma
criança tem um olhar sem limites, sem restrições e assombrado. Nós adultos pensamos poder compreender tudo dentro de certos limites. Então, criamos regras e organizações que nos cegam, como a compartimentalização do conhecimento.
A sala da diretora – nossa casa ou nosso escritório devem ter a nossa cara,
não devemos colocar em um local algo que não nos represente somente por que
simboliza autoridade ou poder. Ao optar por um ambiente mais amoroso e receptivo, os funcionários, colegas e até mesmo nós, nos sentiremos acolhidos. E ao se sentir
acolhidos nos libertamos e aprendemos/evoluímos.
Os vestibulinhos – com o exemplo dos testes realizados pelas escolas
para acesso à cursos, o pedagogo escreve que quem está concentrado em não ser
reprovado não pode estar focado em aprender. Ao realizar esses testes nós
acabamos por separar as pessoas em dois grupos, aprovados e reprovados, e todo
o mérito para o primeiro. Isso cria um estigma para os reprovados que sempre se
acharão inferiores por não ter aquele perfil. Este ambiente não favorece o
prazer em aprender e algumas pessoas ficam até desestimuladas por isso.
O ninho do guaxo – o guaxo é uma pássaro que faz um ninho escultural.
Traçando um paralelo entre esse pássaro e as pessoas, o autor coloca que, para
que as coisas se realizem é preciso sonhar e o sonho nos leva a pensar e
realizar. Se você quer fazer uma viagem, isso é um sonho, para concretizá-lo
você deve pensar. Existem os sonhos individuais e os coletivos, um sonho
coletivo pode ajudar a construir uma nação. Mas os sonhos são pouco relevantes
na educação de hoje, deveriam.
A gripe literária – o prazer de aprender e o prazer de ler é algo
essencial, sem ele não há como estimular ninguém. O estímulo vem do prazer, se
você não tem prazer em fazer algo por que o faria? O autor coloca por exemplo
uma poesia sendo apresentada para alunos em uma aula de português, não é
prazerosa, pois é obrigatória. Na disciplina de português somos obrigados a
fazer ficharios e coisas do tipo. Mas e se um professor de física começasse
suas aulas com uma poesia? Seria poesia por poesia, poesia por prazer, poesia
que embeleza e que atrai.
Defendendo-se dos adultos – a democratização dos espaços, inclusive escolares,
leva à um ambiente mais manso o que favorece o aprendizado. Numa escola
comandada por adultos, onde as disciplinas estão numa grade e onde o relógio é o senhor supremo, a indiciplina dos alunos é a revolta dos subordinados. Não há
espaço para aprendizagem em um ambiente que apresenta-se na forma de gaiola,
seja a escola, o escritório ou a sua casa. A aprendizagem é democrática.
Aprendendo com as caravelas – uma escola em portugal, Escola de Ponte, usa essa
forma mais democrática de ensino. Os alunos ficam todos na mesma sala, pequenos
e grandes. Aprendem a ler assim como aprendemos a falar, começando pelas
palavras. A importância desse exemplo está no ponto de partida do nosso
conhecimento, sempre devemos começar do todo e daí em diante destrinchar para a
parte. As caravelas são o exemplo utilizado, com as quais podemos estudar
física, astronomia entre outras disciplinas, que ao menos seriam percebidas
como disciplinas, já que as coisas não se compartimentabilizam.
Professores de que não me esqueço – conta o pedagogo que tinha um professor de história
que ensinava uma história ao avesso, ensinava que a história não acontece
conforme pintam os pintores ou escrevem os escritores por encomenda. É
importante reconhecer então que, o que existem são interpretações do que
realmente aconteceu, segundo alguma pessoa. Outro professor, de química, passou
cola para um aluno não reprovar em sua disciplina, reconhecendo que ele gostava
era de literatura e hoje esse aluno é um escritor famoso. Dois exemplos de professores que entenderam que as disciplinas são pouco importantes como obrigatórias ou como compartimentos e que o importante é expandir a visão e despertar amor, prazer.
Avaliação: a máquina de fazer
salsichas – enfatizando que o conhecimento
deve sempre ser no sentido do que vai valer para a sua vida, o autor
propõe que se fossemos avaliar hoje, o que aprendemos nas ecolas, provavelmente
teríamos um indice muito baixo. isto se deve provavelmente à como vivemos
esses anos escolares, quais eram os verdadeiros interesses e os verdadeiros
prazeres que tinhamos, nós, os professores e todos os envolvidos no processo.
Primeiro amar, depois conhecer – o amor precede o conhecimento. Para ter interesse
em estudar algo, antes devemos amá-lo. Se você ama o céu vai ser fascinante o
estudo das estrelas. Então, se queremos que alguém tenha prazer em buscar
conhecimento em alguma área, devemos incitar o amor à essa área. Professores
devem ser provocadores de amor, antes de ensinadores de saber.
A pedagogia dos caracóis – o caracol é um ser lento e, lento, deve ser a dinâmica
que propõe o aprendizado. A lerdeza não é algo ruim, pois é no caminho que se
constrói e não na chegada. Ao correr o meio fica desvalorizado. Para que subir
uma montanha muito rápido sem observar que no meio tem vistas fantásticas?
Parte 3: PARA A VIDA
Meditações sobre a felicidade – usando o exemplo de Zarathustra, o sábio, o autor
mostra que ao compartilhar seu conhecimento Zarathustra se alegra e transborda
de felicidade e com isso se transforma em mestre. Então, o aprendizado que vale
a pena é o compartilhado, é o que traz a felicidade.
Inteligências e lâmpadas – assim como as lâmpadas a inteligência ilumina,
diferentes capacidades de iluminação existem para as duas. Mas o valor delas
está no que elas iluminam e não na sua capacidade. Uma lâmpada de capacidade
maior pode iluminar um esgoto e uma de capacidade menor uma mãe acalentando seu
filho. Assim funciona a inteligência e nós podemos usá-la para diversos fins, o
nosso coração decide e o valor dela estará nessa finalidade.
Albert Schweitzer – um filósofo, músico, escritor e médico. Amava os
seres viventes e por isso decidiu trocar a vida de reconhecimento no seu país
natal (França) aos 30 anos, por uma vida que lhe fazia sentido no Gabão – África. A vida
dele mostra que seu amor, seu interesse propiciou uma inteligência gigante, que
foi aplicada de maneira espetacular e produziu uma vida iluminada. Pode ter sido taxado de louco por isso, por fazer o que os outros não fariam. Mas se precisamos ser loucos para sermos felizes, por que não?
Para quem quiser conhecer mais sobre a vida desse escritor/professor/filósofo/psicanalista brasileiro, recomendo o site do instituto Rubem Alves. Lá você encontra mais informações sobre sua obra e seu legado.
http://www.institutorubemalves.org.br/
Espero que gostem de ler seu livro e estudar sua obra.
Abraço
Para quem quiser conhecer mais sobre a vida desse escritor/professor/filósofo/psicanalista brasileiro, recomendo o site do instituto Rubem Alves. Lá você encontra mais informações sobre sua obra e seu legado.
http://www.institutorubemalves.org.br/
Rubem Alves (1933-2014) - Orgulho para o Brasil |
Abraço
Muito bom Sequoia!
ReplyDeleteLi o livro na minha segunda faculdade, de Educação Física, visando meu aprimoramento como voluntário na educação e achei muito bom!
Estou revisando um artigo antigo para republicação e vou aproveitar esse seu resgate para citar um ponto desse livro! Obrigado pela lembrança!
Abraço!
Andre, que bom que ajudou. O livro realmente e muito bom, obrigatorio. Vou ler outras obras dele e quem sabe faço um post sobre o que achei e uma sintese.
DeleteAbraço