Esse é o título de uma obra do Professor e Filósofo Mario
Sergio Cortella, que é famoso palestrante atualmente. Ele trata nesse texto de
questões fundamentais à vida de qualquer pessoa e que podem ser aplicadas em
diversas áreas. Seja na saúde, na educação ou nas finanças. Essa reflexão é uma
reflexão sobre a vida, que com certeza não pode existir sem que se considere
todas as suas partes componentes.
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Interessante como as reflexões que tive durante a
leitura deste livro estão conectadas com as que também tive nas duas últimas leituras
(A vida que vale a pena ser vivida e A pedagogia dos caracóis). Acho que isso se deve ao momento que estou passando, talvez um momento de
transformação de busca de horizonte. A nossa mudança/evolução se dá pelas
experiências vividas, pelo que aprendemos, então não tem como dissociar tudo o
que vivi e aprendi até hoje das reflexões que tive durante a leitura do livro.
Então, veja a baixo um resumo das reflexões que o autor apresenta nos livros e
as que tive com sua leitura, não dá para dissociar uma da outra.
INTRODUÇÃO – o autor fala que escreve o livro com a intenção de
pensar sobre a pergunta mais densa que já realizou a si mesmo e que o acompanha
desde menino: se eu não existisse que falta faria? Para iniciar já destaca que,
para você fazer falta deve ser importante e isso nada tem a ver com ser famoso
ou rico. Ser importante é fazer parte de outros. As posses seriam como escadas,
do que serve a escada se não for para levar a algum lugar? Do que serviria o
ter se não te fazer mais amigo, mais decente, mais fraterno e mais solidário?
O
QUE SE APRENDE COM O ÓBVIO – o
óbivo é perigoso e pode ancorar nosso crescimento. Tudo o que vemos de melhor,
seja na ciência ou na arte foi contra o óbvio um dia. Para todos é óbvio que
nascemos crus e vamos aprendendo ao longo da vida, mas com quem aprendemos? O
que aprendemos? O que deixei de aprender? Aprenderei? São questões não tão
óbvias que nos levam a um maior entendimento sobre nossas personalidades, que
sempre serão uma versão revisada de nós mesmos. Baseadas em nossas
experiências/aprendizados.
ESCREVER,
PARA APAZIGUAR – viver pressupõe
aprendizado. Para escrever devemos ter pensado, e quanto melhor pensamos,
melhor escrevemos. Aqui o autor destaca a escrita e como ela pode ser útil em
diversas situações. Para sublimar emoções, para espantar fantasmas. Ao escrever
você elabora melhor suas ideias, isso alivia e te dá uma vida melhor.
A
DIFERENÇA ESTÁ NA ATITUDE – para
termos uma vida mais tranquila precisamos ter uma atitude baseada no
entendimento de que nossas relações com as pessoas alteram seu comportamento e
o nosso. Um professor deve ensinar, mas também deve aprender. Um pai e uma mãe
só aprendem a sê-lo devido ao filho, aprendem um com o outro. Quem é lider,
também é liderado. Entendendo isso nossa atitude será diferente perante as
pessoas, aprenderemos mais, seremos melhores pais, melhores líderes, melhores
investidores. A convivência traz mudanças e nós não somos impermeáveis a
mudanças, então devemos criar pontes.
SAUDADE
E NOSTALGIA, RAÍZES E ÂNCORAS – devemos
ter raízes e não âncoras. As raízes nos sustentam e alimentam, as âncoras nos
seguram. Quem têm âncoras vive a nostalgia, que seria a dor da volta. Já quem
tem saudade, tem lembrança que alegra. Todos nós temos raízes e âncoras, o
problema é quando as âncoras superam as raízes, daí surge a melancolia,
depressão. O que ensina não é o erro, mas a correção do erro.
EXPERIÊNCIA
E IMPREVISTOS – mesmo que
tenhamos conhecimento e experiência na vida ou em determinada área, seremos
inevitalvelmente surpreendidos pelos imprecistos do desconhecido. Cabe a nós
nos adaptarmos e mudarmos nosso comportamento frente à nova condição que nos é
imposta pela vida e se possível fazer desse imprevisto uma oportunidade de
crescimento, de evolução. É o famoso aprendizado quando se sai de sua zona de
conforto, mas ele não vem passivamente, precisamos querer e interagir para que
aconteça.
O
ACOLHIMENTO DA DISCORDÂNCIA – ao
acolher a discordância aprendemos com o outro que discorda da gente. Nesse
caso, quando você entra em conflito com alguém, você sai do óbvio para você e
cresce. Conflito é diferente de confronto, o confronto é a necessidade de
anular o outro. Quando você cria uma paixão pela sua ideia ou pensamento ou
coisa, você está âncorado nessa situação e não será passível de mudança, nesse
caso uma discussão pode levar ao confronto. É isso que ocorre com religião ou
times de futebol. A paixão é irracional. Se quisermos crescer devemos acolher a
discordância, respeitar quem discorda de nós e quanto mais forte o nosso
interlocutor maior será o nosso crescicimento. Quem nunca se preparou para
debater um tema polêmico no trabalho ou em casa? Isso não teria te proporcionado
um crecimento? Como é desafiador responder questionamento de filhos, alunos,
subordinados ou comentaristas de blog (principalmente os anônimos).
O
RAIO DA PAIXÃO E A CONSTRUÇÃO DO AMOR – paixão é irracional, não duradoura e destrutiva. Uma
paixão nos faz perder a noção de tempo, espaço. Ao nos apaixonar temos um
sentimento de necessidade do outro ou da coisa. A paixão não é sustentável, ela
drena energia e acaba com você. Devemos transformar a paixão em amor, o amor é
a necessidade de você no outro, é leve, o amor dá paz. E paz não siginifica não
ter conflitos, mas saber administrar os conflitos, vive-los. Amar ajuda a
administrar os conflitos sem se perder. A paixão é essencial no início e depois
deve ser administrada e transformada em amor, se esse for o desejo.
VIVER
EM PAZ – viver em paz é
fazer as escolhas corretas, não é estar sempre feliz. Se a felicidade fosse
constante, não seria boa. Tudo que é bom só consideramos bom pela sua ausência
em determinado momento. Uma vida equilibrada é uma vida feliz, e equilíbrio não
é ficar estático em um ponto entre o que é bom e ruim, equilíbrio é movimento
entre o bom e o ruim. É ir aos extremos sem ficar perdido. É fazer escolhas
corretas de comportamento frente a situações vividas.
A
ECOLOGIA, O APEGO E O EROTISMO – nós cuidamos das coisas que somos apegados. Diferente o que prega
algumas religiões orientais o autor coloca que o apego é melhor que o desapego,
pois cuidamos daquilo que nós somos apegados. Tendemos a ser apegados àquilo
que é erotizado para nós, ao que nós temos sentimento de pertencimento e de
prazer. Por isso, os jovens não se interessam muito por ecologia, pois o tema
sustentabilidade é tratado sem erotização, sem mostrar a importância do meio
ambiente para as nossas vidas. A erotização das coisas pode fazer você pagar
por um par de tênis o mesmo que paga em dois pneus para o carro, se temas como
a ecologia fossem erotizados, gerariam apego. Se nos apegamos a nós mesmos, a
nossa vida tende a ser mais equilibrada, pois nós cuidamos daquilo que somos
apegados.
A
GRAÇA DA VIDA – ter graça na
vida é gostar dela, achar ela boa. A graça na vida é o amor por ela, que pode
ser despertado pela paixão, mas nunca mantido por ela. O amor e o apego à vida
é como o amor pelo pôr do sol, quando você tem apego por ele você dá graças por
ter presenciado. Uma vida sem amor e sem apego é uma vida desgraçada. O
sentimento de pouca importância na vida pode levar até ao suicidío. Importância
é trazer para dentro, então para ter uma vida de paz ela deve importar.
A
SOCIEDADE DA EXPOSIÇÃO – a
sociedade moderna valoriza a exposição, diferente do que ocorria em algumas
sociedades orientais. Para que uma vida seja de paz nessa sociedade as pessoas buscam sair
do anonimato, tentam isso através da fama, criando blogs, escrevendo diários,
poemas. Tudo isso é para que pessoas te vejam, não te esqueçam. Então, o
silêncio sobre você mesmo é penumbra e não traz uma vida de paz na sociedade
moderna. Mesmo uma pessoa que fala para deixarem ela quieta, fala isso com o
objetivo de que a procurem.
COMO
ME TORNEI EU MESMO – contando
sua história o autor mostra como seu interesse pela leitura o conduziu a uma
vida dedicada à docência e a filosofia, que inicialmente foi paixão e se tornou,
com o tempo, amor. A leitura foi uma das responsáveis pelo interesse em hitória
e filosofia, isso fez com que ele estudasse filosofia na igreja católica e isso
despertou o interesse pela docência. Então, uma forma de se expor seria fazendo
aquilo que ama, ensinando filosofia. A sua vida também tem uma história
parecida? Você consegue pensar em como foi descobrindo seu amor? Seu lugar no
mundo? Já descobriu? Está descobrindo?
Descubra!
A
CRIAÇÃO DE DIFERENCIAIS – o
que seria um diferencial numa sociedade que já tem de tudo? Existe uma
tendência aos excessos na nossa sociedade contemporânea e isso se faz devido à
necessidade de exposição, que só seria possível se tivessemos um diferencial,
então, para ter esse diferencial buscamos os excessos. Um homem com o corpo
cheio de tatuagens seria mais exposto do que um com uma tatuagem. Se existem
outros com os corpos cheios de tatuagens, então o diferencial/excesso seria,
talvez, retirar a própria pele.
FABRICAÇÃO
DO PASSADO, ANSEIO DE FUTURO E DESESPERO DO CONSUMO
– algumas pessoas não gostam de se expor com os exageros no corpo ou nas
atitudes, então buscam exposição com as posses. O “ter” também é uma forma de
se expor, ter um carro ou uma casa ou uma fazenda ou um iate. Mas os anceios são
diferentes nas classes sociais. Os mais pobres têm família (num sentido mais
amplo), tem afeto, então buscam coisas iluminadas, coloridas, que dão ideia de
futuro. Já os ricos, não possuem muito afeto, pois raramente precisam um dos
outros, então buscam a família no passado, através de objetos antigos, com pouca
cor, escuros e tediosos. Nesse contexto,
surgem os movimentos históricos, como o “punk” e o “dark” que são movimentos
que surgiram na burguesia européia ou o “hippie” das décadas de 60 e 70 que foi
um movimento com cor, iluminado.
EVOLUÇÃO
NEM SEMPRE É PARA MELHOR – o
autoconhecimento é um processo necessário e constante, já que estamos em
constante transformação. Quando nos conhecemos nós evoluimos, nem sempre a
evolução acontece para melhor. Podemos ficar alienados por nós mesmos, sem
consciência do que realmente está acontecendo à nossa volta e com a gente. Isso
acontece quando encaramos diversas situações no mundo, como a questão ecológica.
Achamos que o homem é o centro do universo e pensamos que daremos um jeito para
que tudo dê certo no final, assim não nos preocupamos com nossas ações
destrutivas. Será que estamos sendo auto-enganados nas nossas finanças? E na
vida? Como encaramos a realidade? Boa reflexão!
SEXO,
O SIMPLES E O COMPLEXO – nós
temos dificuldades para lidar com o complexo, com algo difícil de se explicar.
Com o que é simples lidamos mais facilmente. A vida é complexa e, então,
difícil de ser explicada. O sexo é simples para os homens, por isso após a
cópula eles querem tirar um cochilo, já as mulheres querem discutir a relação e
isso é complexo, difícil. A busca da felicidade é a busca pelo simples e uma
vida feliz só acontece quando você vive momentos que estavam ausentes. Se você
se sente feliz ao tomar uma cerveja e toma todos os dias, então o ato de tomar
torna-se rotineiro e não traz felicidade. Na abstinência é que surge a vontade
e ao tomar uma cerveja após um período de abstinência o seu momento será muito
mais feliz. “O melhor tempero é a fome”. Será que por isso muitos pobres querem
e ficam ricos e muitos ricos não ligam para a riqueza e ficam pobres?
FELICIDADE
COMO VITALIDADE – a felicidade
está naquilo que faz a vida vibrar, ela é um momento na vida e assim deve ser
se não não seria bom. Somente a ausência de felicidade pode garantir que a
felicidade seja algo bom. No paraíso, em uma vida perfeita, Adão e Eva não
poderiam ter uma vida feliz. Decidiram comer do fruto proibido e passaram a
sentir dor para também sentir alívio. Esse momento feliz, de vibração da vida
pode acontecer em diferentes situações para cada pessoa. Tem gente que gosta de
acumular riquezas, outros de viajar, mas se você viver viajando a viagem não
seria mais interessante. A expectativa pela viagem te faz mais feliz, assim
como a construção da riqueza. A felicidade acontece no meio e não no fim.
DESEJO,
NECESSIDADE, VONTADE – necessidade
é algo que devemos fazer para nos saciar, fome é uma necessidade. Vontade é
algo que podemos satisfazer, como a vontade de tomar uma cerveja, bebeu passou.
Tanto a vontade quanto a necessidade são coisas que tem sua finitude no ato que
satisfaz. Já o desejo é horizonte, temos que caminhar em direção ao nosso
desejo, mas ele é insaciável. O desejo, assim como o horizonte, indica direção,
não existe somente para que cheguemos até ele e sim para que não deixemos de
caminhar. Quando caminhamos em direção ao horizonte, o horizonte se afasta de
nós em mesma proporção. Ao perder o desejo perdemos a vontade de viver,
perdemos o horizonte e a vontade de continuar caminhando. O que desejamos é a
nossa verdade, a nossa essência e vai embora conosco quando morrermos, assim
como nossas necessidades e vontades. O que ficará é o que ensinamos, as marcas
que deixamos, guiadas pelo nosso desejo pela nossa essência. Qual a sua
essência? Qual o seu horizonte? Está caminhando em direção a que? Está sendo
feliz nessa caminhada?
RAZÕES
DA EXISTÊNCIA – para uma
reflexão final o autor coloca uma questão fundamental que passa pela cabeça de
muitos de nós. Se eu não existisse que falta faria? Nossa ausência afetaria as
pessoas e o mundo de que maneira? Essa questão pode nos levar a pensar sobre
atitudes que tomamos durante nossa vida. A própria reflexão sobre o “por que
fazemos o que fazemos” é essencial ao reconhecimento dos nossos horizontes.
Esse, inclusive, é o título de mais uma obra do professor Mario Sergio Cortella.
Viver em paz é ter clareza de que está fazendo o que precisa ser feito. Viver
em paz é não ter uma vida apequenada com excessos ou com falta de amizade,
fraternidade, solidariedade e vitalidade. Viver em paz para morrer em paz.
Página do professor na CBN e fonte da imagem, aqui |
Espero que o texto acima tenha despertado em algum
momento o desejo pela leitura do livro em sua integra, tão fundamental para
descobrirmos sua essência. Também desejo que possa ajudar você leitor a pensar
sobre os motivos de sua existência, o que pode ter impactos sobre suas ações.
Abraço
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